A seguinte manchete saiu na Tribuna do Ceará: “Ônibus terão passagens gratuitas para presos em regime aberto e semiaberto”. A mesma notícia passou a ser compartilhada nas redes sociais acompanhada de uma avalanche de revolta por parte dos internautas. Curioso, porém precavido; antes de expressar qualquer opinião, fui me aprofundar no assunto. Como professor e coordenador pedagógico, acho até louvável alguns esforços para reintegrar o egresso à sociedade, principalmente, quando o objetivo de tal medida polêmica trata do deslocamento deles para cursos de ensino fundamental e demais atividades que tem como propósito a sua capacitação profissional. Mas venhamos e convenhamos, né? A justificativa apresentada é que os apenados sofrem dificuldade em se ressocializar (tá de brincadeira!). Se fosse assim, por uma questão de equidade, condenados por estupro deveriam ganhar entrada livre nos puteiros, pois eles também irão enfrentar dificuldades em seus relacionamentos amorosos futuros. Que mulher em sã consciência vai querer se envolver com um ex-estuprador? Prefiro acreditar que nenhuma. Pela lógica, ainda diminuiríamos os casos de estupro. ZONA COM PASSE LIVRE PARA EX-ESTUPRADORES, essa sim seria uma medida eficiente no combate à violência, principalmente, contra a mulher; e ainda mais no Ceará (que fique bem claro para a atual geração mi-mi-mi que provavelmente terá dificuldades em interpretar esse texto e se sentirá ofendida: ESTOU SENDO IRÔNICO!).
Não podemos nos esquecer dos pedófilos. De todos, os mais estigmatizados. Ora, eles também merecem uma segunda chance. E se quiserem adotar uma criança? Como ficarão? Serão marginalizados para sempre? (continuo sendo irônico). Partindo do mesmo princípio, o governo deveria adotar o PAIS – Programa de Adoção Simplificada para ex-condenados por pedofilia. Reduzindo, nesses casos, as exigências e a burocracia de todo o processo de adoção. Nada mais justo! Trata-se de Direitos Iguais. Apesar do nome sugestivo, deixo para você leitor definir o significado da letra “I” (de Indignação) na sigla do programa.
Em contrapartida, a sociedade também deve fazer a sua parte. Eu, por exemplo, já estou usando o mesmo critério aqui em casa. Em um ataque de fúria por ter pedido no videogame, o caçula xingou e chutou o irmão mais velho. O coloquei de castigo, óbvio! Agora, em retaliação, os meninos não o deixam jogar. Afinal, ele não sabe perder. Coitado, o castigo já acabou e ele ainda está enfrentando dificuldade em se ressocializar com os irmãos. Como pai, não posso permitir isso. Então, fiz assim: liberei o menor de todos os afazeres domésticos. Enquanto os outros lavam a louça e arrumam os quartos, o mais novo joga videogame. E sozinho, sem ter que dividir com ninguém. Quem sabe assim ele aprende. Não é uma solução definitiva, mas já é um começo.

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Uma resposta

  1. Na minha opinião, essa crônica do ilustre professor Caputo reflete com exatidão o sentimento de egoísmo e mesquinhez de boa parte da sociedade brasileira. As empresas de ônibus são privadas, e se alguém vai viajar de graça nos veículos, isso é problema de seus donos, os quais, compreensivelmente, vão ficar indignados com a tal medida. Mas o que as outras pessoas têm a ver com isso? São elas que vão pagar as passagens dos presos? Na verdade, essa gente fica incomodada sempre que algum grupo de pessoas, criminosas ou não, recebe algum tipo de benefício. Outra coisa, não entendi porque o professor Caputo ilustrou seu texto com a foto de uma criança aparentemente "atrás das grades". Isso tem algum significado, algum simbolismo? Considero esta crônica lamentável, pois acho que ela acirra ainda mais os ânimos de uma sociedade violenta, preconceituosa e discriminatória. Nesse país, infelizmente, ao invés de se semear a Paz, semeia-se o ódio!

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