José Jerônimo Vieira Júnior é artisticamente conhecido como Junior Misaki, nascido na cidade de Patos, no interior da Paraíba, o escritor e ilustrador é Mestre em Artes (UFRN) e professor da rede básica de ensino nos estados do Rio Grande do Norte e na Paraíba. Junior Misaki também é o autor das obras: Clarice e a Andorinha (2020), Quadrinizando nas aulas de Arte: De professor para professor (2020), O Mágico do Seridó (2021) e O Gato Juan (2022) e A Raposa: Depois daquele Adeus (2022). 

ENTREVISTA:

Conexão Literatura: Poderia contar para os nossos leitores como foi o seu início no meio literário?

Junior Misaki: Em relação aos demais escritores, me senti motivado a escrever e publicar depois dos 30. Estou nessa aventura desde o final de 2020, quando a pandemia e a quarentena me fizeram repensar vários sentidos para a vida, e escrever foi um deles, principalmente baseado em histórias que observo no cotidiano na minha sala de aula, como educador. Quando pequeno, eu pensava que ser “escritor” seria algo apenas para grandes intelectuais de beca, mas tendo uma boa história pra contar, maneiras para publicar e divulgar, nenhum sonho pode se tornar distante.

Conexão Literatura: Você é autor dos livros “Clarice e a Andorinha”; “O Mágico do Seridó”; “O Gato Juan” e “A Raposa – Depois daquele adeus”, que será lançado em setembro. Poderia comentar? 

Junior Misaki: “Clarice e a Andorinha” foi a minha primeira obra, que conta a história de um passarinho que é adotado por duas mamães andorinhas, na época ganhou um prêmio estadual pela Lei Aldir Blanc de literatura, na Paraíba. Abriu muitas portas para mim, enquanto escritor de estreia. O

Mágico do Seridó foi uma adaptação do clássico “O Mágico de Oz” após uma peça teatral escolar, desenvolvida com meus alunos do Rio Grande do Norte, foi então que eu pensei: “Isso precisa virar um livro!” e foi lindo. “O Gato Juan” já foi em homenagem ao meu filho de pelos que morreu em 2020, que se chamava Juan, onde na obra tento amenizar mais a dor do luto para as crianças entenderem. E “A Raposa – Depois daquele adeus” é uma homenagem a obra “O Pequeno Príncipe”, pois sempre me instiguei em querer saber o que ocorreu com a raposinha após a partida do príncipe, foi um processo de escrita apaixonante.

Conexão Literatura: Como é o seu processo de criação? Quais são as suas inspirações?

Junior Misaki: Para a escrita considero mais fácil. Sou um cara que consigo ter um bom feeling só em pensar numa temática. Sempre recorro a amigos para dar umas lidas antes e o processo de um revisor, que é o que deixa a nossa pedra mais preciosa. Já as ilustrações considero um processo mais demorado e cuidado, pois este depende só de mim, da pesquisa, produção e arte-finalização. As inspirações sempre vêm na estética dos quadrinhos e

animações da TV dos anos 80 e 90, e vez ou outra também pesco algo do que a garotada está curtindo atualmente. Outra vez, em uma apresentação, uma criança me disse: “você desenha do jeito que a gente gosta de ver”, e isso pra mim bastou todo o processo de criação visual daquela obra que eu estava apresentando. 

Conexão Literatura: Poderia destacar um trecho de um dos seus livros especialmente para os nossos leitores?  

Junior Misaki: “Mimos não compram amor”. Assim me ensinou a Raposinha, depois que ela seguiu a sua jornada após a partida do principezinho. Ahhh… são tantos ensinamentos, daria uma revista completa (risos).

Conexão Literatura: Além de escritor, você também é ilustrador. Conte mais…

Junior Misaki: Eu amo ilustrar. E tenho um certo ciúmes de minhas obras, mais por causa do processo de ilustração. Tenho deixado de me inscrever em editais de editoras justamente porquê a maioria delas

focam só na escrita e querem que as obras sejam ilustradas por outros artistas da empresa. Eu não ilustro obras de terceiros e nem quero que façam isso com as minhas obras, pois para mim isso é um processo de imersão que chega a ser espiritual, me envolvo por completo, como sou artista visual há mais de 20 anos, eu me sentiria traído por mim, se o livro não tivesse alguma ilustração minha.

Conexão Literatura: Como o leitor interessado deve proceder para adquirir os seus livros e saber um pouco mais sobre você e o seu trabalho literário? 

Junior Misaki: As redes sociais tem sido um portal para propagação do meu trabalho para todo o mundo. Outro dia, participei de uma palestra virtual com estudantes da Patagônia, na Argentina, falando um pouco sobre o meu processo de escrita, onde eles tinham acabado de ler o Clarice e a Andorinha. O Facebook e o Instagram (@jr.misaki) tem me ajudado bastante. 

Conexão Literatura: Quais dicas daria para os autores em início de carreira?

Junior Misaki: Eu gostaria de ter investido bem antes na minha carreira de escritor/ilustrador, tenho tantas obras engavetadas, mas o receio e falta de assessoria para publicar, mesmo que de modo independente e sem apoio de editoras, me faziam adiar cada vez mais nesse sonho. Para quem está começando agora, pense primeiro na escrita, procure um bom revisor, faça um teste com pessoas que gostam da temática que você está escrevendo e permitam que elas opinem na sua escrita, e depois invista em uma tiragem pequena, entre 200 e 500 unidades e monte um plano de marketing para que seu trabalho não fique encaixotado em seu armário. Divulgar é o segredo do sucesso! Ir de encontro ao seu público.

Conexão Literatura: Existem novos projetos em pauta? 

Junior Misaki: Tenho projetos literários fechados até 2024. Neste ano foram dois livros impressos e dois audiobooks pela plataforma da “Ubook”. No próximo ano quero começar com um novo livro infantil com uma temática que está bem em destaque, sobre o uso do celular pelas crianças, este já estou em processo de criação das ilustrações. No livro do “O Gato Juan” tive a oportunidade de compor e cantar a canção tema da obra e nesse próximo livro também estarei me arriscando na linguagem musical, pois as crianças adoram.

Perguntas rápidas:

Um livro: O Pequeno Príncipe – Antoine de Saint Exupéry

Um ator ou atriz: Fernanda Montenegro

Um filme: São vários. Mas os musicais me atraem mais. 

Um hobby: Karaokê / Ler Quadrinhos / Ouvir Vinis. 

Um dia especial: Quando abro as caixas que chegam da gráfica com as minhas obras. É uma sensação única. 

Conexão Literatura: Deseja encerrar com mais algum comentário? 

Junior Misaki: Dizem que brasileiro não gosta de ler, mas isso não é verdade. Embora o acesso à leitura ainda tem se concentrado bastante em pessoas mais favorecidas economicamente, que chega a ser distante da realidade de boa parte dos brasileiros. Precisamos investir mais em projetos que facilitem a publicação e circulação de livros, principalmente nas escolas públicas, pois é lá onde muitas crianças tem acesso a seu primeiro livro, e não na cama no momento do “boa noite” dos seus pais. Precisamos cobrar isso dos nossos governantes, exigir que leis e fomentos de incentivo a cultura possam existir mais com a abertura de editais para que todos possam ter acesso a literatura nacional. É possível plantar um sonho através da leitura, pois esta ainda é a nossa arma mais poderosa e transformadora. 

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