
Sempre que me perguntam sobre as raízes da literatura de terror, gosto de mencionar uma obra que considero fundamental: O Castelo de Otranto, de Horace Walpole. Publicado originalmente em 1764, esse livro é, para muitos estudiosos e leitores, o ponto de partida do que hoje chamamos de romance gótico — gênero que abriu caminho para o terror como o conhecemos.

Horace Walpole, além de escritor, foi político, arquiteto e apaixonado por arte e história medieval. O castelo de Strawberry Hill, que ele mesmo restaurou com uma arquitetura neogótica, serviu de inspiração direta para o cenário sombrio e carregado da obra. Aliás, a própria publicação do livro começou com uma brincadeira literária: Walpole o lançou anonimamente, fingindo que era a tradução de um antigo manuscrito italiano do século XVI. Só depois revelou sua autoria na segunda edição, assumindo o caráter de ficção original.
O que me fascina nessa obra é como Walpole soube equilibrar o sobrenatural com os conflitos humanos, misturando elementos como profecias, fantasmas, armaduras que se movem sozinhas e tragédias familiares. Um verdadeiro caldeirão de emoções intensas e atmosferas opressoras.
Uma frase que me marcou na leitura foi:
“O destino jamais deixa de cumprir a sua parte, por mais que os homens tentem fugir dele.”
Essa sentença resume bem a essência do terror gótico: o inevitável, o desconhecido e a herança maldita que pesa sobre os ombros dos personagens.
Recomendo fortemente a leitura de O Castelo de Otranto, não apenas por sua importância histórica, mas pelo prazer de mergulhar em uma narrativa que continua instigante e envolvente, mesmo após mais de dois séculos. É uma aula de atmosfera e construção de tensão — e uma leitura essencial para quem ama o terror.
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Paulista, escritor e ativista cultural, casado com a publicitária Elenir Alves e pai de dois meninos. Criador e Editor da Revista Conexão Literatura (https://www.revistaconexaoliteratura.com.br) e colunista da Revista Projeto AutoEstima (http://www.revistaprojetoautoestima.com.br). Chanceler na Academia Brasileira de Escritores (Abresc). Associado da CBL (Câmara Brasileira do Livro). Já foi Educador Social e também trabalhou por 18 anos no setor de Inclusão Digital na Cidade de S. Paulo, numa rede de solidariedade que desenvolve ações de promoção da vida em várias partes do país e do mundo, um trabalho desenvolvido para pessoas em situação de vulnerabilidade e exclusão social. Participou em mais de 100 livros, tendo contos publicados no Brasil, México, China, Portugal e França. Publicou ao lado de Pedro Bandeira no livro “Nouvelles du Brésil” (França), com xilogravuras de José Costa Leite. Organizador do livro “Possessão Alienígena” (Editora Devir) e “Time Out – Os Viajantes do Tempo” (Editora Estronho). Fã n° 1 de Edgar Allan Poe, adora pizza, séries televisivas e HQs. Autor dos romances “Jornal em São Camilo da Maré” e “O Clube de Leitura de Edgar Allan Poe”. Entre a organização de suas antologias, estão os títulos “O Legado de Edgar Allan Poe”, “Histórias Para Ler e Morrer de Medo”, “Contos e Poemas Assombrosos” e outras. Escreveu a introdução do livro “Bloody Mary – Lendas Inglesas” (Ed. Dark Books). Contato: ademirpascale@gmail.com