Bert Jr. nasceu e cresceu em Porto Alegre. Após graduar-se em História, mudou-se para Brasília, onde cursou Diplomacia no Instituto Rio Branco. A profissão de diplomata já o levou a conhecer vários países. Estreou na ficção em 2020, com “Fict-Essays e contos mais leves”. Escreve prosa e poesia, tendo seis livros publicados até o momento. “Sem pé com cabeça”, lançado em novembro de 2023, é o seu primeiro volume de crônicas.


ENTREVISTA:
Conexão Literatura: Poderia contar para os nossos leitores como foi o seu início no meio
literário?


Bert Jr.: Comecei a escrever poesia ao final da adolescência. Aos 18 anos, dois de meus poemas me levaram à etapa final do concurso literário mais importante do Rio Grande do Sul à época. Por essa razão, tive o privilégio de conhecer pessoalmente Mario Quintana e Lya Luft, que eram membros do júri. Com o passar dos anos, já na fase adulta, fui deixando de escrever. Estava envolvido com a profissão de diplomata e com a vida familiar. Em 2020, no entanto, fui tomado pelo ímpeto de voltar a escrever. Dessa vez comecei pela prosa, com o livro “Fict-Essays e contos mais leves”. Em seguida, publiquei o meu primeiro de poesia: “Eu canto o ípsilon E mais”. Desde então, tenho publicado todos os anos. Em 2023, lancei o meu terceiro livro de poemas – “Vi&Verei” – e um volume de crônicas – “Sem pé com cabeça” -, ambos pela editora Labrador.


Conexão Literatura: Você é autor do recente livro “Sem pé com cabeça”, um compilado de
crônicas publicadas na Revista Conexão Literatura ao longo dos últimos 2 anos. Poderia
comentar?


Bert Jr.: A partir de meados de 2021, passei a colaborar assiduamente com as edições mensais da Revista Conexão Literatura. Meus primeiros envios foram de contos; porém, logo comecei a produzir um tipo diferente de texto, que cheguei a classificar como artigo. Só que os textos possuíam uma forte marca humorística, de sabor nonsense, e se caracterizavam pelo jogo divertido entre ficção e realidade. Por fim, me convenci de que seria mais adequado classificá-los como crônica, que é um gênero da prosa ficcional. Diverti-me muito elaborando esses textos para a RCL. A satisfação que senti com o resultado levou-me a cogitar a possibilidade de vir a reunir esses trabalhos num livro. Foi assim que surgiu “Sem pé com cabeça”.


Conexão Literatura: Como é o seu processo de criação? Quais são as suas inspirações?


Bert Jr.: As inspirações são as mais variadas, podendo advir de leituras literárias, artigos ou notícias da internet, observações da vida real, ou simplesmente de devaneios que extrapolam a realidade. Quanto ao processo criativo, o procedimento mais importante é tomar o assunto que despertou a minha atenção e tratar de explorá-lo por ângulos não convencionais, de modo a causar perplexidade e curiosidade no leitor, atraindo-o para um exercício de imaginação essencialmente divertido. Um exemplo disso é a crônica “Origens discutíveis”, em que apresento hipóteses um tanto ridículas para o surgimento de costumes como a dança, o beijo, o emprego do café, etc. Em “Paixões profissionais” utilizo episódios absolutamente improváveis e engraçados para ilustrar até que ponto os vícios da profissão podem estar entranhados em nós. Em “Futuros clássicos”, faço uma brincadeira parodiando clássicos da dramaturgia, como Romeu e Julieta, Othelo, e Cyrano de Bergerac. Literatura, gastronomia, história, língua e costumes são temas recorrentes das crônicas de “Sem pé com cabeça”.


Conexão Literatura: Poderia destacar um trecho do seu livro especialmente para os nossos
leitores?


Bert Jr.: Cito um trecho da crônica A pergunta do milhão: “A solidão cósmica parece consistir num problema e tanto. Não nos basta proliferar em massa, gerar cerca de oito bilhões de semelhantes para que transitem, roçando seus corpos, num mundo cada vez mais interligado. O valor, ou o sentido, da existência não muda de grau em função do aumento exorbitante da população planetária. Desejamos respostas, que talvez possam vir a ser transmitidas por membros de sociedades mais avançadas, civilizações alienígenas. Também, de cera forma, ansiamos por sermos monitorados, acompanhados nos passos de nossa incerta evolução. Mesmo porque o nosso sucesso em dominar o planeta não nos torna mais convivíveis nem confiáveis, como bem o demostram as guerras que nos fustigam repetidamente, em todos os séculos, inclusive no atual. Então, como resistir a imaginar-nos monitorados por uma raça superior, que se comporta pacificamente, pacientemente? Seres que nunca puxaram uma arma, que jamais deram um tiro sequer. Que na maioria dos casos apenas se fazem notar, de modo esporádico, como quem diz: ‘Ei, estamos aqui, viu? Não deixaremos que incidam no erro grotesco da autoextinção’. “


Conexão Literatura: Como o leitor interessado deve proceder para adquirir o livro e saber
um pouco mais sobre você e o seu trabalho literário?


Bert Jr.: “Sem pé com cabeça”, assim como meus outros livros, pode ser adquirido na Amazon, assim como noutras plataformas de venda online, tanto em formato impresso quanto digital. Também pode ser encomendado em livrarias.


Conexão Literatura: Quais dicas daria para os autores em início de carreira?


Bert Jr.: Diria a quem está começando para perseverar na prática da escrita e não descuidar do hábito da leitura, que é fonte principal da imaginação literária.


Conexão Literatura: Existem novos projetos em pauta?


Bert Jr.: Sim! No primeiro semestre de 2024 virá a público o meu primeiro romance, uma distopia humorística. Aguardem! Prometo que será surpreendente.


Perguntas rápidas:


Um livro: “Antes do baile verde”, de Lygia Fagundes Telles
Um ator ou atriz: Morgan Freeman e Drica Moraes
Um filme: “O pianista”, dirigido por Roman Polanski
Um hobby: Leitura
Um dia especial: Aquele em que se cria uma nova estória.

Conexão Literatura: Deseja encerrar com mais algum comentário?

Bert Jr.: É, de fato, motivo de grande satisfação ter podido reunir 23 crônicas, escritas ao longo de dois anos, e publicá-las numa edição caprichada (a capa e a diagramação estão fantásticas!). Quero expressar minha gratidão à Revista Conexão Literatura por haver acolhido os meus textos em suas edições mensais, sempre com a mais ampla liberdade de expressão artística. Agradeço, também, aos estimados leitores, desejando que “Sem pé com cabeça” lhes traga vibrações muito positivas no ano que se inicia.

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