Hélio Bacelar Viana: nascido no alto Sertão da Bahia, conviveu com a gente e as agruras dessa gente na lida diária com as atribulações desse viver Sertão. Graduado em Música (licenciatura e composição musical), entretanto transita livremente em todas as linguagens artísticas – incluindo-se a fotografia.
Firmou-se em Literatura por volta de 2014, com o livro “O Sertão dos Curibocas” – publicado em Portugal. Nesta primeira investida em Romances, traduz o Sertão e as Caatingas em período seiscentista, focando uma formação rochosa onde hoje está encravada a cidade de Teofilândia.
Sobre o livro “Crônicas de Arauá – A árvore sagrada da floresta encantada”:
“O que aqui se conta é uma fábula, calcada em muitas lendas e mitos, que retrata uma fantasia desvirada em Crônica. Não é, unicamente, uma estória contada por um velho Índio. Aconteceu! De certa maneira aconteceu! Pode não ter o brilho dos acontecimentos reais, essa escrita, uma vez que estórias são contadas com certos pudores. Isso quer dizer que, respeitando a compostura do real, podemos recontar os eventos, de maneira a não abusar da escrita, uma vez que, escrever uma estória não implica em ser verossímil.
Assim sendo, vamos tentar ser o mais fiel possível às ocorrências reais. Os personagens, os locais, os eventos, as sagas, os sortilégios…, de certa maneira, é uma invencionice que copia a realidade e que faz parecer uma fantasia e que discorre sobre um tempo em que essas terras eram férteis de misticismo e de mitos e de alegorias que fogem ao nosso real. Isso porque nosso sonhar vai ao fundo do que nos conhecemos como real.
Mas existiu uma época, perdida na poeira da história, onde o fabuloso e o inconcebível era mais que simples lenda. Era um intenso viver, calcado no que hoje nos parece fábula.
A fábula de agora nos parece apenas história sem real fundo de veracidade; nosso agora é uma futura fábula, possivelmente. Isso visto pelos olhos e ouvidos de nossos pósteros ou descendentes ou as gerações vindouras ou póstumos…
Contaremos sobre a magia de uma terra mística; contaremos sobre personagens que se não são reais, foram, em momento outro. Se houver dúvida quanto a veracidade dessa estória, consulte os seus sonhos. Lá no fundo da sua fantasia, por certo vai estar história igualmente espelhada.
Imagine-se em um mundo entre a fantasia e a realidade e viva um desses personagens. Protagonize seu próprio sonhar. Viaje nessa nossa alegoria!
Vai estar na sua imaginação. Sim! Por certo vai estar na sua imaginação: essa historíola vai lhe avivar as lembranças.
Torço para que passe a ser sua memória favorita!
Se não memória, que seja sua estória favorita!”
ENTREVISTA:
Conexão Literatura: Poderia contar para os nossos leitores como foi o seu início no meio literário?
Hélio Bacelar: Inicialmente como hobby. Pequenos trechos de textos complementares para composições musicais, orquestrais em especial; textos de projetos e trabalhos de conclusão de cursos de especialização – próprios ou por encomenda – já estampavam escritos com leve poesia. O que me rendia “comentários picantes”.
Até que resolvi construir um texto que era um roteiro para uma ópera multimidiática, inserindo significados complexos e versando sobre a Guerra de Canudos e Antônio Conselheiro. Foi apresentada a proposta para a fundação Guggenheim – New York. O projeto chegou a disputar a finalíssima. Não contemplado, o texto roteiro foi usado para construir um romance e este se consolidou – com ligeiras alterações. Foi aceito por uma Editora quando ainda em rascunhos. Isso mais me estimulou e continuei a escrever: enveredando pela Poesia e Contos e Crônicas.
Conexão Literatura: Você é autor do livro “Crônicas de Arauá – A árvore sagrada da floresta encantada”. Poderia comentar?
Hélio Bacelar: “Existiu uma época, perdida na poeira da história, onde o fabuloso e o inconcebível era mais que simples lenda. Era um intenso viver, calcado no que hoje nos parece fábula.
Transcendemos no tempo e mergulhamos no imaginário, para contarmos sobre a magia de uma terra mística embebida em lendas e mitos. Uma história onde os personagens são fictícios; mas, de certo, foram reais em momento outro”.
A sinopse, em si, clarifica a concepção do livro “Crônicas de Arauá – A árvore sagrada da floresta encantada”.
Êxtase profundo, mergulhar nesse mundo de lendas e mitos que envolvem os povos das florestas brasileiras. Em especial, épocas que antecedem a chegada de estrangeiros do além-mar. Por isso criei um mundo fantasioso, calcado na ficção, para ambientar essa historíola.
Conexão Literatura: Como é o seu processo de criação? Quais são as suas inspirações?
Hélio Bacelar: Difícil explicar com palavras; talvez até com pensamentos telepáticos seja impossível explicitar meus processos de criação e as fontes de inspirações.
Pode ser uma palavra que ouço; o trecho de um texto – seja lá que tipo for: poesia ou mesmo uma reportagem ou comentário qualquer; a simples lembrança de algo ou de alguém…, tudo é motivo inspirativo.
Sou entusiasta da intertextualidade – “textos que apresentam, integral ou parcialmente, partes semelhantes ou idênticas de outros textos produzidos anteriormente”. Fui muito criticado na adolescência, por colegas e amigos, quando me apropriava de uma ideia inserida em outro texto. Até que entendi a essência desse processo de criação e vejo o quanto é difícil construir textos com “migalhas” de outros textos.
Até serviu de inspiração para construir um poema: “Muito sutilmente faço a assemblage do meu livre pensar. Exercito a licenciosidade autoral que me é de direito. Grampeando texto sobre texto, picotado de outros textos, remontado de textos outros, que já foram pretextos de outros muitos textos… Estou assemblando textos!” (fragmento)
Quanto ao processo de criação, não tenho como explicar fazer trabalhos simultâneos. Chego a produzir dez trabalhos em paralelo, sem misturar as ideias nem copiar coisas de um no outro. Por vezes estou construindo um romance e pego uma ideia para outro romance que está “letárgico”. Isso muito fiz, quando compunha obras musicais.
Conexão Literatura: Poderia destacar um trecho do seu livro especialmente para os nossos leitores?
Hélio Bacelar: “Silêncio ensurdecedor!
Pássaros silentes e vento que não se move, nem em suave brisa; bichos todos açoitados e emudecidos: a selva, em deferência à “árvore maior e mais antiga de todas as florestas” – nos mitos dos povos Aruaque –, aquietada e assoberbada de veneração.
O silêncio é denso! O sarçal está a perceber a obrigação de manter-se mudo! Mesmo as escandalosas caturritas, que tem amplo vocabulário de gritos altos e outros ruídos, estão sossegadas.
O ar é pegajento e tem cheiro de flores e tem gosto de folhas e tem emanações mística que envolve Arauá e se soma ao silêncio estrepitoso que lhe arromba os sentidos!
Arauá depõe as armas em reverência e respeito à Árvore Sagrada.
São poucas, as suas armas, mas mortais. Uma zarabatana feita com caniço de junco, uma faca e uma lança de pau roliço encastoando ponta de “pedra-metal” semelhante folha – alongada e pontuda: são peças forjadas a partir de rochas extraídas de além das montanhas do vale da Cobra-Grande. São conhecimentos transmitidos aos seus ancestrais pelos espíritos das florestas – isso está encravado nas crenças destes nativos. É um processo de refino de material metálico, com o qual forjam armas que cortam e furam: a exemplo de facas e facões e ponteiras de lanças e de flechas”. (Página 15).
Conexão Literatura: Como o leitor interessado deve proceder para adquirir o livro e saber um pouco mais sobre você e o seu trabalho literário?
Hélio Bacelar: Os meus livros estão disponíveis na amazon (https://www.amazon.com.br/s?k=H%C3%A9lio+Bacelar&__mk_pt_BR=%C3%85M%C3%85%C5%BD%C3%95%C3%91&crid=2YZLDABEFVRVL&sprefix=h%C3%A9lio+bacelar%2Caps%2C474&ref=nb_sb_noss_1). Na maioria em formato e-book.
Um outro lugar para ler textos meus, é em – https://www.efuturo.com.br/sala_leitura.php.
Contatos podem ser feito pelo facebook: https://www.facebook.com/heliobacelar2/ ou pelo WhatsApp: 71 982062915.
Conexão Literatura: Quais dicas daria para os autores em início de carreira?
Hélio Bacelar: Ler muito; escrever muito; e muito persistir. Mesmo com todos os entraves ou percalços ou pouca estimulação.
Conexão Literatura: Existem novos projetos em pauta?
Hélio Bacelar: Sim! Muitos e inúmeros e de muito diversificados. Em especial um romance que voltei a trabalhar, pois foi abandonado por certo tempo: estava maturando. O título ainda é incerto. Foi pensado como “Brocados” ou “Torpeza” ou outro que se apresente melhor.
Tem a publicação de uma série de contos e crônicas e um outro livro com textos eróticos. Não é um livro pornográfico, é erótico. Existe uma grande diferença entre as duas acepções, que é muito mal interpretada. “Jogos Carnais”, é o já definitivo título.
Perguntas rápidas:
Um livro: Admirável mundo novo
Um ator ou atriz: Morgan Freeman
Um filme: Interestelar
Um hobby: Fotografia
Um dia especial: O nascimento da minha filha!
Conexão Literatura: Deseja encerrar com mais algum comentário?
Hélio Bacelar: Tenho muito a comentar, maldizer, questionar, reclamar, reivindicar…, mas, em sendo feito neste espaço, vai soar como queixumes de mais um autor.
Em sendo assim, apenas tenho que pedir aos leitores todos um pouco mais de compreensão e um olhar mais apurado para a Literatura Brasileira. Estamos à mercê de mercenários muitos que encarecem as publicações…, sei que não é fácil comprar livros. Por esse motivo disponibilizo na “amazona.com”, livros meus para serem lidos em qualquer plataforma, gratuitamente.
Paulista, escritor e ativista cultural, casado com a publicitária Elenir Alves e pai de dois meninos. Editor da Revista Conexão Literatura (https://www.revistaconexaoliteratura.com.br) e colunista da Revista Projeto AutoEstima (http://www.revistaprojetoautoestima.com.br). Chanceler na Academia Brasileira de Escritores (Abresc). Associado da CBL (Câmara Brasileira do Livro). Participou em mais de 100 livros, tendo contos publicados no Brasil, México, China, Portugal e França. Publicou ao lado de Pedro Bandeira no livro “Nouvelles du Brésil” (França), com xilogravuras de José Costa Leite. Organizador do livro “Possessão Alienígena” (Editora Devir) e “Time Out – Os Viajantes do Tempo” (Editora Estronho). Fã n° 1 de Edgar Allan Poe, adora pizza, séries televisivas e HQs. Autor dos romances “Jornal em São Camilo da Maré” e “O Clube de Leitura de Edgar Allan Poe”. Entre a organização de suas antologias, estão os títulos “O Legado de Edgar Allan Poe”, “Histórias Para Ler e Morrer de Medo”, “Contos e Poemas Assombrosos” e outras. Escreveu a introdução do livro “Bloody Mary – Lendas Inglesas” (Ed. Dark Books). Contato: ademirpascale@gmail.com